quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Carta de Princípios

CARTA DE PRINCÍPIOS DO MOVIMENTO HORA DE LUTAR

I) Nosso movimento tem como diretriz a aliança operário-estudantil. A maioria de nós estudantes nos tornaremos trabalhadores, ou já trabalhamos para pagar nossos estudos. Assim, sofreremos ou já sofremos dos mesmos problemas que a classe trabalhadora sofre atualmente. O próprio modelo de exploração de uma classe sobre a outra está presente no sistema de educação, que visa preparar desde cedo o estudante pra ser apenas mais um trabalhador disciplinado;
II) Somos contra qualquer meio ou medida que vise a super-exploração da juventude, como estágios mal-remunerados que não cumprem o papel de ensinar e como a exigência do "primeiro emprego", que e tende a empurrar a juventude recém-formada para os cargos e categorias pior pagos do mercado. Por isso, lutamos por salário igual por trabalho igual! A remuneração do primeiro emprego ou do estágio deve obrigatoriamente ser a mesma equivalente ao trabalho realizado em condições normais, nivelado pelo valor mais alto;
III) Lutamos por uma educação realmente pública, o que compreende um plano de assistência estudantil que se estenda desde a alimentação, transporte, moradia e custeamento de materiais didáticos/paradidáticos até o lazer e a cultura do estudante, e permita que este não tenha que estudar e trabalhar ao mesmo tempo, o que prejudica sua formação acadêmica ou mesmo leva muitos a largar os estudos temporária ou permanentemente;
IV) Mas a educação só vai ser realmente pública com o livre acesso. Portanto, lutamos pelo fim do vestibular. Defendemos a expansão da rede de faculdades públicas e a estatização das faculdades privadas, ambas sob controle dos trabalhadores e estudantes;
V) Sobre as medidas afirmativas, enxergamos o caráter progressivo das mesmas, porém reconhecemos sua insuficiência e lhes damos apenas apoio crítico. Entendemos que a adoção de cotas, por exemplo, não soluciona o principal problema gerado pelo vestibular de tornar a faculdade um ambiente elitizado e racista;
VI) Somos contra o atual modelo de gestão das universidades, que nas privadas garante que mandem os empresários e que nas públicas mandem os capachos dos governos estaduais e federal, deixando pouco ou nenhum espaço para a voz dos estudantes e trabalhadores. Somos por um modelo de gestão no qual os estudantes, trabalhadores e o restante da sociedade decidam os rumos das universidades. Esse modelo de gestão, radicalmente democrático, seria baseado na existência de conselhos formados proporcionalmente por estudantes, professores e funcionários, segundo o número de cada grupo dentro da universidade, e nos quais a sociedade também teria voz e voto, através da presença dos movimentos sociais;
VII) Combatemos toda e qualquer forma de opressão, como o machismo e o racismo, que servem apenas pra dividir e dificultar a organização dos estudantes e trabalhadores, além de serem ferramentas usadas pelas classes dominantes para nos explorar ainda mais, através de salários e condições de trabalho diferenciadas. Somos contra a terceirização da mão de obra, que visa super-explorar trabalhadores negros e mulheres, com baixos salários e quase nenhum direito trabalhista. Onde já exista essa forma de emprego de mão-de-obra precarizada, somos pelas imediata incorporação dos terceirizados ao quadro de funcionários da universidade, recebendo os mesmos salários e possuindo os mesmos direitos dos demais;
VIII) Não depositamos nenhuma confiança no Estado e seus braços armados, como a polícia e o exército, que no fundo estão apenas a serviço das classes dominantes. Também denunciamos o papel que as Forças Armadas cumprem em outros países, como o exército brasileiro no Haiti, que mantém a repressão aos trabalhadores negros para garantir a ordem das classes proprietárias haitianas e estrangeiras.

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